A
interdisciplina Desenvolvimento e Aprendizagem no enfoque da Psicologia II foi
muito rica e significativa. Iniciamos fazendo uma importante reflexão sobre o
nosso conceito de aprendizagem e a partir dessa primeira construção passamos
para um texto que trabalhava o referido tema.
Penso
que a leitura do texto de Fernando Becker: “ Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos”
foi de grande valia, propiciando a elaboração de inúmeras aprendizagens. A
partir da leitura, compreendi que toda a prática pedagógica tem um viés que a
sustenta, uma perspectiva que a faz acontecer e que por trás delas há uma
concepção de educação, de homem, de sociedade, de um fazer educativo.
Becker
(2017) afirma que na Pedagogia Diretiva (Empirismo), existe a crença do “mito
da transmissão do conhecimento”. Nessa visão, o sujeito é uma “tábula rasa”,
uma folha em branco, não havendo nada no nosso intelecto que não tenha entrado
lá, senão através dos sentidos. O sujeito é totalmente determinado pelo mundo
do objeto ou meio físico e social. S ← O (modelo epistemológico)
O
ensino e aprendizagem pólis dicotômico, onde o professor jamais aprenderá e o
aluno jamais ensinará A ← P (modelo pedagógico).
Já
a Pedagogia Não Diretiva (Apriorismo), o professor é um facilitador (Carl
Rogers). O aluno aprende por si mesmo, “laissez-faire”- deixar fazer.
Apriorismo, vem de a priori; aquilo que é posto antes como condição do que vem
depois. Priorizam a bagagem hereditária. Nesse sentido, o homem já nasce com
conhecimento que está programado na sua herança genética. S → O (modelo
epistemológico).
O
pólo de ensino é desautorizado e o de aprendizagem tornado absoluto. A → P
(modelo pedagógico). É importante observar que este modelo reforça a lógica da
exclusão, uma vez que trabalha na perspectiva do déficit herdado. Mais uma vez
caímos nos pré-conceitos dos marginalizados, invisíveis, que mais uma vez serão
colocados nesse papel.
A
Pedagogia Relacional (Construtivismo), professor e aluno determinam-se
mutuamente. S ↔ O (modelo epistemológico). Piaget é o mentor de uma pedagogia
relacional. Sendo assim, não se pode exagerar na importância da bagagem
hereditária nem na importância do meio social.
O
sujeito é quem constrói seu conhecimento através das suas ações. Ele
assimila novos saberes atraves de suas construções e esquemas prévios e os
reconstrói, fazendo uma saber que é somente seu, uma produção sua. Desta forma
assimila e acomoda. A ↔ P (modelo pedagógico)
As
contribuições da teoria de Piaget foram de extrema relevância bem como a
apropriação do método clínico. Foi muito interessante aplicar o método clinico com uma criança.
Já havia o feito em outra oportunidade no curso de psicopedagogia. Esse método
é rico e muito importante na teoria piagetiana. Conforme Lima e Queiroz (p. 111
, 2010):
O método
piagetiano é clínico no sentido de ir além do óbvio, da resposta estereotipada,
buscando compreender o ponto de vista da análise do sujeito. As características
gerais das explicações, a maneira como o indivíduo resolve os problemas
apresentados, como chega às suas explicações, buscando também perceber se
guarda coerência, se manifesta contradições, e também, de forma mais peculiar,
o que há de criatividade nas respostas, mas, ainda assim, sem afastar-se do
sujeito epistêmico.
Piaget
concebe a criança como um ser ativo, atento, que constantemente cria hipóteses
sobre o seu ambiente. Quanto aos fatores internos e externos no
desenvolvimento: privilegia a maturação biológica, sendo que os fatores
internos preponderam sobre os externos.
O
conhecimento se constrói de dentro para fora. A visão particular e
peculiar (egocêntrica) que as crianças mantém sobre o mundo, vai
progressivamente aproximando-se da concepção dos adultos, tornando-se
socializada, objetiva.
Sendo
assim, acredita que o desenvolvimento segue uma sequência fixa e universal de
estágios. (sensório-motor, pré-operatório, operatório-concreto e operatório-
formal). Em sua visão a aprendizagem subordina-se ao desenvolvimento e tem
pouco impacto sobre ele.
REFERÊNCIA
BECKER, Fernando. Modelos Pedagógicos e Modelos Epistemológicos. Acesso em: 17 de
out. 2017. Disponível em: <http://www.marcelo.sabbatini.com/wp-content/uploads/downloads/becker-epistemologias.pdf>
QUEIROZ, Kelly Jessie Marques;
LIMA, Vanessa Aparecida Alves. Método
Clínico piagetiano nos estudos sobre Psicologia Moral: o uso de dilemas.
Schéme: Revista Eletrônica de Psicologia e Epistemologia Genéticas. Volume 3
Número 5 – Jan-Jul/2010. Acesso em: 12 de jan. de 2018. Disponível em:
<https://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/Scheme/Vol3Num05Art05.pdf>