domingo, 14 de janeiro de 2018

A interdisciplina Desenvolvimento e Aprendizagem no enfoque da Psicologia II foi muito rica e significativa. Iniciamos fazendo uma importante reflexão sobre o nosso conceito de aprendizagem e a partir dessa primeira construção passamos para um texto que trabalhava o referido tema.
Penso que a leitura do texto de Fernando Becker: “ Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos” foi de grande valia, propiciando a elaboração de inúmeras aprendizagens. A partir da leitura, compreendi que toda a prática pedagógica tem um viés que a sustenta, uma perspectiva que a faz acontecer e que por trás delas há uma concepção de educação, de homem, de sociedade, de um fazer educativo.
Becker (2017) afirma que na Pedagogia Diretiva (Empirismo), existe a crença do “mito da transmissão do conhecimento”. Nessa visão, o sujeito é uma “tábula rasa”, uma folha em branco, não havendo nada no nosso intelecto que não tenha entrado lá, senão através dos sentidos. O sujeito é totalmente determinado pelo mundo do objeto ou meio físico e social.  S ← O (modelo epistemológico)
O ensino e aprendizagem pólis dicotômico, onde o professor jamais aprenderá e o aluno jamais ensinará A ← P  (modelo pedagógico).
Já a Pedagogia Não Diretiva (Apriorismo), o professor é um facilitador (Carl Rogers). O aluno aprende por si mesmo, “laissez-faire”- deixar fazer.  Apriorismo, vem de a priori; aquilo que é posto antes como condição do que vem depois. Priorizam a bagagem hereditária. Nesse sentido, o homem já nasce com conhecimento que está programado na sua herança genética. S → O (modelo epistemológico).
O pólo de ensino é desautorizado e o de aprendizagem tornado absoluto. A → P (modelo pedagógico). É importante observar que este modelo reforça a lógica da exclusão, uma vez que trabalha na perspectiva do déficit herdado. Mais uma vez caímos nos pré-conceitos dos marginalizados, invisíveis, que mais uma vez serão colocados nesse papel.
A Pedagogia Relacional (Construtivismo), professor e aluno determinam-se mutuamente. S ↔ O (modelo epistemológico). Piaget é o mentor de uma pedagogia relacional. Sendo assim, não se pode exagerar na importância da bagagem hereditária nem na importância do meio social.
O sujeito é  quem constrói seu conhecimento através das suas ações. Ele assimila novos saberes atraves de suas construções e esquemas prévios e os reconstrói, fazendo uma saber que é somente seu, uma produção sua. Desta forma assimila e acomoda.  A ↔ P (modelo pedagógico)
As contribuições da teoria de Piaget foram de extrema relevância bem como a apropriação do método clínico.  Foi muito interessante aplicar o método clinico com uma criança. Já havia o feito em outra oportunidade no curso de psicopedagogia. Esse método é rico e muito importante na teoria piagetiana. Conforme Lima e Queiroz (p. 111 , 2010):
O método piagetiano é clínico no sentido de ir além do óbvio, da resposta estereotipada, buscando compreender o ponto de vista da análise do sujeito. As características gerais das explicações, a maneira como o indivíduo resolve os problemas apresentados, como chega às suas explicações, buscando também perceber se guarda coerência, se manifesta contradições, e também, de forma mais peculiar, o que há de criatividade nas respostas, mas, ainda assim, sem afastar-se do sujeito epistêmico.

Piaget concebe a criança como um ser ativo, atento, que constantemente cria hipóteses sobre o seu ambiente. Quanto aos fatores internos e externos  no desenvolvimento: privilegia a maturação biológica, sendo que os fatores internos preponderam sobre os externos.
O conhecimento se constrói de dentro para fora. A  visão particular e peculiar (egocêntrica) que as crianças mantém sobre o mundo, vai progressivamente aproximando-se da concepção dos adultos, tornando-se socializada, objetiva.

Sendo assim, acredita que o desenvolvimento segue uma sequência fixa e universal de estágios. (sensório-motor, pré-operatório, operatório-concreto e operatório- formal). Em sua visão a aprendizagem subordina-se ao desenvolvimento e tem pouco impacto sobre ele. 

REFERÊNCIA
BECKER, Fernando. Modelos Pedagógicos e Modelos Epistemológicos. Acesso em: 17 de out. 2017. Disponível em: <http://www.marcelo.sabbatini.com/wp-content/uploads/downloads/becker-epistemologias.pdf>
QUEIROZ, Kelly Jessie Marques; LIMA, Vanessa Aparecida Alves. Método Clínico piagetiano nos estudos sobre Psicologia Moral: o uso de dilemas. Schéme: Revista Eletrônica de Psicologia e Epistemologia Genéticas. Volume 3 Número 5 – Jan-Jul/2010. Acesso em: 12 de jan. de 2018. Disponível em: <https://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/Scheme/Vol3Num05Art05.pdf>



Psicologia do desenvolvimento

Já o vídeo: “Introdução à psicologia do desenvolvimento”, trouxe contribuições muito importantes ao meu cabedal de conhecimentos.  A psicologia do desenvolvimento é uma área de conhecimento que envolve os desenvolvimentos: cognitivo, afetivo, social e motor. Ela é uma espécie de embriogênese (construção) metal.
O desenvolvimento se dá por etapas, sendo que nem todas as pessoas alcançarão os estágios mais avançados. A razão/cognição é construída na troca do organismo com o meio.
Esse vídeo apresentou as três teorias psicogenéticas. As teorias psicogenéticas priorizam a interação bem como a construção do conhecimento a partir de uma gênese, ou seja, pelo um começo. Nesse sentido, podemos afirmar que todo o conhecimento tem um ponto de partida, um ponto que o antecede. Deste ponto, que é a gênese, ajuda-nos a compreender o que estamos vivendo agora.
Portanto, as três teorias psicogenéticas são as de: Piaget, Vygotsky e Wallon. Ambas interacionistas e construtivistas. Nesse sentido, nada acontece sem a interação e não há nada que não passe por uma construção, uma gênese. No entanto, o que as diferencia é o tipo de interação que cada uma vai usar.


Para Piaget, a mediação é a ação a criança. Vygotsky, entretanto, acredita que é a mediação da cultura é que interfere na interação. Wallon traz as emoções como a origem do desenvolvimento mental.


quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Investigações realizadas no Seminário Integrador- algumas considerações

Realizar o trabalho proposto pela disciplina de Seminário Integrador VI foi muito significativo. Do preconceito que vivo na pele por ser professora de educação infantil e das lutas que travo em busca da valorização e a qualificação do trabalho com as infâncias, chego à conclusão que a própria historicidade dessa etapa de ensino, bem como a falta de informação da sociedade sobre, sustentam esse preconceito.
O lugar que as crianças ocupam na sociedade é outro aspecto que deve ser levado em consideração. Seria esse um lugar socialmente relevante, digno de ser olhado e cuidado, numa perspectiva pedagógica rica e integradora? Me parece, que para algumas pessoas não.
Nós, enquanto professores das diferentes etapas do ensino, em especial da educação infantil, temos que lutar pelo nosso espaço dentro da sociedade. Nosso papel é extremamente relevante, uma vez que trabalhamos com material humano, com bebês e crianças bem pequenas, com vidas que se iniciam.
Conforme apontam pesquisas, os três primeiros anos de vida de um ser humano são os mais importantes, em que se realizam inúmeras aprendizagens e ligações sinápticas. E, e esse profissional, o professor de educação infantil que recebe, acolhe, cuida e educa esses sujeitos.
Dada sua importância e relevância social, à docência na educação infantil, necessita ser olhada, valorizada e investida, principalmente pelo poder público, garantindo a dignidade e o resgate desse profissional imprescindível.

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Reflexões sobre a docência na educação infantil

O professor de educação infantil, de um modo geral, em algum momento de sua trajetória profissional passa por algum tipo de preconceito. Por ser uma docência muito particular e ainda em construção, se criam imagens errôneas a respeito desse profissional e de seu fazer.
Ainda não há uma clareza, no senso comum, sobre o tema. Afinal, a etapa da educação infantil, exige o cuidar e o educar como dois componentes inseparáveis e indispensáveis no fazer pedagógico.
Além disso, a falta de valorização e prestígio social, os baixos salário e, por vezes as condições precárias de trabalho, colocam esse profissional em desvantagem e numa posição marginalizada. Crenças errôneas de que professor de educação infantil se propagam. Conforme Diamete e Prícepe (p.6, 2017)
Os dados apresentados e questões levantadas indicam que, se a docência, de maneira geral, é um trabalho desvalorizado, a docência na Educação Infantil é ainda mais. Nossa análise, sem dúvida, evidenciou uma conjuntura histórica da Educação Infantil, o que não significa que estamos desconsiderando todos os movimentos e lutas de militantes e de profissionais que atuam em defesa e busca de melhoria de condições de trabalho nessa etapa, muito menos, os avanços legais proferidos a ela nos últimos anos. Aliás, é isso que alimenta a esperança de que chegará o dia em que sociedade e políticas públicas valorizarão àqueles que cuidam e educam os pequenos.
Por ser um fazer que ainda está sendo construído, a docência na educação infantil, existem muitas dúvidas sobre o saber-fazer dessa profissão. Barbosa (p.131, 2016) afirma que:

Ser professora de Educação Infantil é exercer uma profissão nova, ainda em construção, que se forja no encontro entre (a) as teorias de formação docente, (b) as especificidades da prática cotidiana em creches e pré-escolas e (c) os saberes e os conhecimentos específicos da área da Educação Infantil. No Brasil, os cursos para a formação de professores de Educação Infantil em nível superior são muito recentes
 Referências

BARBOSA, Maria Carmem Silveira. Três notas sobre a formação inicial e a docência na Educação Infantil. In: CANCIAN, Viviane Ache; GALLINA, Simone Freitas da Silva; WESCHENFELDER, Noeli (Org.). Pedagogias das infâncias, crianças e docências na educação infantil. Santa Maria, RS: UFSM, 2016. p. 131-140. Acesso em 11 de jan. 2018. Disponível em: <http://www.academia.edu/28003234/Descolonizando_nossos_pensamentos_por_uma_pedagogia_descolonizada_para_a_Educa%C3%A7%C3%A3o_Infantil>

DIAMENTE, Juliana, PRÍCEPE, Lisandra Marisa. A desvalorização do trabalho na educação infantil: análise do cenário nacional. Revista Acadêmica Eletrônica Sumaré. Acesso em 10 de jan. 2018. Disponível em: <http://sumare.edu.br/Arquivos/1/raes/07/a-desvalorizacao-do-trab-infantil.pdf> 

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domingo, 7 de janeiro de 2018

O aluno com transtorno global do desenvolvimento

A leitura dos textos bem como a apreciação dos vídeos propostos pela interdisciplina de Educação de Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais  elucidou uma série de conceitos sobre os transtornos globais do desenvolvimento. Conforme foi estudado, o sujeito com TGD apresentam alterações no comportamento, interação social e linguagem.
Todavia, essas especificidades podem ser modificadas a partir de um trabalho pedagógico sensível e apurado, onde os desejos e modos de ser e aprender deste aluno seja levado em conta. O acolhimento é apresentado com um importante aspecto pois dele e de outras interações se constrói vínculo, o que permite que se abra uma “janela”, levando esse sujeito a se relacionar melhor com o professor.
Essa prática pedagógica é feita baseada num levantamento das necessidades específicas do aluno TGD. Assim sendo, para cada criança e/ou adolescente haverá um planejamento com estratégias específicas.
Esses e outros aspectos apresentados ao longo do texto e os referidos vídeos assemelham-se muito com o que realizamos com os alunos desde a educação infantil: o vínculo, a troca, interações ricas e sustentadoras, o olhar atento e sensível, o respeito as singularidades das crianças, o respeito aos desejos dos alunos, dentre outros.

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Sujeitos da Educação Especial

No texto "História, conceito e tipos de deficiência",  Izabel Maior com propriedade relata o histórico das pessoas com deficiência, as lutas travadas e as vitórias alcançadas, mostrando que há um longo caminho a percorrer.
Já o vídeo, muito elucidativo, Izabel faz aproximações importantes da questão racial e da deficiência, dizendo que a luta é a mesma (contra a discriminação, falta de oportunidade, contra o apartheid). Coloca que se existe políticas de ação afirmativa- as cotas- é porque existe discriminação.
Ressalta que a deficiência não é o aspecto biológico, mas o resultado da interação entre essa pessoa e o conjunto da sociedade. A integração é um modo equivocado de conceber a pessoa com deficiência onde é feito de tudo para consertar a deficiência.
O esforço da integração recai somente na pessoa com deficiência que tem que se esforçar para se parecer como os demais. Nesse sentido, há um desequilíbrio das relações. O outro (deficiente) é o patológico, sendo ele o responsável pela sua integração.
Finalmente fala sobre a inclusão, dizendo que está relacionada com o modelo social, com direitos humanos, direito instrumental, direito a acessibilidade e autonomia.
Durante minha trajetória profissional não me recordo de ter trabalhado com alunos com deficiências.


Repensando o meu papel enquanto docente

As leituras realizadas na interdisciplina de Educação de Pessoas com Necessidades Educativas Especiais, possibilitou uma autorreflexão do meu papel enquanto professora. No cotidiano escolar procuro desempenhar o papel de uma professora aberta e flexível, considerando o interesse dos alunos. Nesse sentido, em minha prática procuro escutar e olhar cada criança de maneira individual, levando em conta suas especificidades e potencialidades.
Respeitar o tempo de cada criança, observar seus talentos e aptidões, construir um espaço para que essa seja estimulada e possa se desenvolver, valorizar as produções e criações dos alunos dentre outros, são fatores que realizo em minha prática.
O trabalho com a educação infantil tem especificidades muito próprias que o diferencia significativamente dos demais níveis de ensino pois é justamente nas práticas cotidianas que ele acontece. Os bebês e crianças bem pequenas tem maneiras próprias de ser, estar e aprender. Cabe ao professor perceber essas sutilezas e dar visibilidade a todo potencial criativo e construtor desses sujeitos cognoscentes.
Dessa forma, o olhar/escuta apurada e sensível é fundamental. Cada criança é vista a partir de suas potencialidades, e não a partir de suas lacunas ou déficits. O aluno é concebido como um todo não fragmentado. Para além do conceito de aluno problema, cada sujeito é concebido como um ser único, com modos de ser, estar e aprender singular.


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O erro e a ilusão- reflexões de Edgar Morin

Edgar Morin é um antropólogo, sociólogo e filósofo francês extremamente relevante na contemporaneidade. Sua abordagem trabalha com o “pensamento complexo” ou o “paradigma da complexidade”.
No texto: “ As cegueiras do conhecimento- o erro e ilusão”, o autor explica que todo conhecimento carrega o risco do erro e da ilusão. E, ainda complementa que o erro e a ilusão parasitam a mente humana desde o aparecimento do homo sapiens. Assim, sendo a educação deve mostrar que não há conhecimento que não esteja, em algum grau, ameaçado pelo erro e pela ilusão.

Ressalta que a inteligência e afetividade estão embricadas, numa relação dialógica, o que implicaria em certo ponto na incidência de erros, uma vez que “ A projeção de nossos desejos ou de nossos medos e as perturbações mentais trazidas por nossa emoção multiplicam os riscos de erros.” (MORIN, p. 20, 2002).
Morin (2002) ressalta a importância de substituir o pensamento que isola e separa por um que distingue e una dando uma qualidade própria. Todavia, em muitos contextos escolares, o paradigma vigente é o cartesiano que separa o sujeito o sujeito do objeto.
Assim, precisamos resistir a esse tipo de ideologia e lutar por uma perspectiva relacional, rica e integradora de conhecimento, onde o aprender seja dialógico, e as diferentes áreas do conhecimento possam transitar complementando-se mutuamente.
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Referência:
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 5ªed- São Paulo: Cortez, Brasília, DF: Unesco, 2002