O livro conta a
história de um menino chamado Gabriel que como toda a criança curiosa adora tocar
em tudo aquilo que vê. Mas será que ele pode mexer... Já nas primeiras páginas do livro o menino aparece
mexendo em grande baú no qual retira diversos brinquedos, que se amontoam com
os tantos outros já espalhados pelo chão.
Como vemos a narrativa já se inicia com o
motivo principal ou com a circunstância que leva ao conflito: Mas será que ele
pode mexer...
A história segue num suceder de fatos
inusitados: Mas será que ele pode mexer... Em um jacaré do pantanal? Em um
cavalo colossal? Em uma abelha abelhuda? Em uma taturana peluda? Na orelha de
um gigante? Na tromba de um elefante? No queixo do pai? Na cabeça de um
samurai? Em uma amoreira? Em uma cristaleira? Em uma montanha de gelatina? No
pastel da cantina? E assim sucessivamente.
Fica claro que
o texto é composto por rimas, o que torna a leitura, a meu ver, prazerosa e com
uma sonoridade diferenciada, pois se brinca com as palavras. Nesse sentido, é
uma obra inovadora, pois causa prazer no leitor, além ter um lado lúdico,
adequado ao universo infantil.
O tempo e
espaço onde ocorre são variáveis, pois a história acontece em diferentes locais
e tempos não diferenciados, por exemplo, hora no pantanal, hora no quintal.
Mistura-se realidade com fantasia, acontecimentos típicos da infância, onde o
jogo simbólico “o faz de conta”, está presente. Inclusive me chamou a atenção
que em todas as ilustrações Gabriel aprece com um pano amarrado no pescoço,
simbolizando uma capa de super- herói. Nesse sentido, pode-se afirmar que
existe uma convivência natural entre a realidade e o imaginário, que resulta do
pensamento mágico. Há presença da fantasia, do imaginário, do maravilhoso.
Ressalto que a
forma que o narrador conta a história é simples e envolvente, pois questiona o
leitor. Com ilustrações ricas e criativas transparece claramente as emoções do
personagem principal, o que instiga o leitor a seguir adiante, criando certa
expectativa sobre o que virá depois. Sendo assim, há uma brincadeira com as
palavras e imagens, rompendo com a ordem convencional das coisas. Gabriel é um
livro que abre espaço para o novo, o inusitado, o diferente.
É uma leitura
sem caráter utilitário, uma literatura emancipatória, que nos permite sonhar,
viajar pelo mundo da imaginação, que nos permite ser humanos.
Por fim, a
história termina com Gabriel mexendo na cauda de uma arara, na qual leva uma
mordida no dedo e chora e logo mais mexendo na boneca da Clara, que fica
aparentemente brava e sai correndo atrás do menino, que foge com sua boneca nas
mãos. Portanto fica evidente que a situação final procura propor problemas ou
situações a serem solucionadas de vários modos.
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