Na vida adulta, perdemos o hábito
de brincar. Pensando nisso e tentando resgatar as vivências do brincar junto a
minha mãe resolvi fazer uma experiência lúdica. Confeccionei um barangadan.
Embrulhei em pacote, tal como um presente e dei para minha mãe, observando o
que surgiria naquele momento.
Sendo assim, presentei,
minha mãe Vera Regina. Em um passeio matinal com meu cachorro, em uma praça em
frente à minha casa, falei: - Mãe, tenho um presente para te dar. Ela meio
surpresa com o pacote o abriu, retirando o brinquedo.
Esboçou um lindo sorriso
e logo começou a chacoalhar o novo objeto, criando possibilidades. Um casal de
idosos que passavam pela rua ficou olhando, curiosos para entender o que estava
acontecendo. Minha mãe, ao perceber que estava sendo observada, falou: - Que
vergonha Vanessa! O que as pessoas vão pensar? Ainda com todos esses
questionamentos continuou a chacoalhar o brinquedo, agora sorrindo ainda mais,
na verdade gargalhando junto comigo em função do fato ocorrido.
Essa situação, em
especial, me fez pensar, como nós adultos, deixamos de lado a criança que mora
dentro de nós, adormecemos a criatividade, a curiosidade, para nos formatarmos
dentro daquilo que a sociedade espera de nós.
Nesse sentido, nos
tornamos sérios, endurecemos nossos corpos e porque não dizer mentes em nome de
nos tornarmos teoricamente pessoas grandes e respeitáveis. E, tudo isso me fez
lembrar de um trecho do livro do Pequeno Príncipe, que diz o seguinte: “ Todas
as pessoas grandes um dia foram crianças, mas poucas se lembram disso. ”
Prosseguindo a observação
- no início movimentava o brinquedo de um lado para outro. Em seguida descobriu
que tinha um fio, o explorou e logo aprendeu a usá-lo. Os movimentos, aos
poucos ficavam mais livres e compassados. Agora, o brinquedo laçava o seu
próprio corpo e minha mãe sorria muito.
Era um sorriso diferente,
aos olhos da sensibilidade, um sorriso leve, alegre, despreocupado, relaxado.
Fazia tempo que não via minha mãe assim! E, de fato, por alguns momentos minha
mãe estava INTEIRA, vivendo aquele momento, como se esquecesse de tudo e todos
a sua volta para simplesmente brincar.
Penso, sinceramente, que
essa seja a parte mais bonita do brincar – o brincar nos permite nos
conectarmos com nós mesmos, a nos encontrarmos, a estarmos inteiros, nem que
sejam por breves momentos.
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