O
fazer educativo é um desafio diário. Atender e compreender uma infinidade de
alunos marcados pela sua individualidade, especificidades e modalidades de
aprendizagem próprias- são tarefas que o professor deve dar conta.
Apesar
de não trabalhar enquanto professora com alunos com necessidades especiais,
tive essa experiência na clínica na época em que atuei como psicopedagoga.
Penso que em muitos casos, o acompanhamento psicopedagógico seja fundamental
para que os sujeitos aprendentes- com deficiência ou não- possam superar suas dificuldades, e aqui me
refiro as dificuldades de aprendizagem.
Ver
os sujeitos a partir de suas possibilidades, concebendo-os como um todo, não
focalizando apenas em suas lacunas ou déficits, são ações fundamentais no que
se refere ao professor verdadeiramente inclusivo. Além disso, a inclusão deve
fazer parte da escola, do seu projeto político pedagógico, vivenciado na
prática.
Trabalhar
questões de empatia, respeito ao outro e aceitação das diferenças devem ser
projetos permanentes no contexto escolar inclusivo. Todavia, no cotidiano
escolar nem sempre é isso que ocorre.
Falta
de acessibilidade, de preparo e formação continuada para o atendimento de aos
alunos com necessidades especiais, políticas públicas ineficazes, dentre tantos
outros aspectos ajudam a legitimar as desigualdades e falta de respeito e
comprometimento com o outro- em especial quando o outro é portador de alguma
deficiência.
(...) a
presença de preconceitos e a decorrente discriminação vivida, ainda com mais
intensidade pelos significativamente diferentes, impedindo-os muitas vezes, de
vivenciar não só seus direitos de cidadãos, mas de vivenciar plenamente sua
própria infância. (AMARAL, 1998, p. 12)
Não
raro, contamos com um discurso lindo nas escolas no que se refere a inclusão,
mas na prática, o máximo que ocorre é uma integração. Perpetuam-se
preconceitos, estigmas e estereótipos que pouco dizem sobre os sujeitos com
necessidades educativas especiais.
Referência
AMARAL,
Lígia Assumpção. Sobre crocodilo e
avestruzes: falando de diferenças físicas, preconceitos e sua superação in Diferenças e preconceitos na escola:
alternativas teóricas e práticas/ Coordenação de Julio Goppa Aquino. São
Paulo: Summus, 1998.