Vanessa Quadros
O
filme Sinos de Anya muito me comoveu. Com uma história envolvente, apresenta
um olhar sensível sobre as diferentes aprendizagens na vida humana e me
reportou a pensar sobre a importância de ser investido pelo desejo do outro.
Nesse sentido, trago para essa conversa um pensamento de Fernando Pessoa que diz:
“Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que o desejo do outro fez de mim.”
O personagem principal foi rotulado como lento, incapaz, desqualificado na
frente de seus colegas pela própria docente. A mãe, apesar de amá-lo e
defendê-lo, também não participava ativamente do cotidiano do menino. Não
compartilhava de seus anseios, dificuldades e medos, principalmente em relação à
leitura.
Graças
ao olhar cuidadoso e amoroso de Anya, cega de nascença, mas que enxergava com o
coração, a dislexia foi descoberta e a partir daí um divisor de águas se fez na
vida dessa criança. Nasce um sujeito que se coloca no lugar de alguém capaz de
produzir saberes, habilitado a aprendizagem. É como se alguém dissesse para o
menino: - Olhe para si, você tem asas para voar, você é capaz, liberte-se. E, a
partir disso o menino começar a ensaiar seu primeiro vôos de liberdade. Foi
lindo!
Do
mesmo modo, esse menino com seus gestos e palavras carinhosas para Anya, também
apresentou novos horizontes de vida para ela, que até então não se autorizava a
ultrapassar o demarcação de sua casa por sentir-se impotente, incapaz.
A
força das relações, interações qualificadas, empáticas e amorosas são
retratadas no filme. A importância do olhar carregado de afeto, da presença de
um grande outro que nos signifique; que nos diga que somos capazes, que nos
mostre que o caminho é difícil, mas não impossível.
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