terça-feira, 20 de junho de 2017

O Plano de Ação no Projeto de Aprendizagem

Passar pela experiência de construir um Projeto de Aprendizagem junto as crianças com quais atuo, tem sido uma experiência muito rica e de grande aprendizagem. Desde as observações iniciais que envolveram um acolhimento, olhar e escuta apurada frente os interesses dos “pequeninos” até a elaboração do plano de ação, meta quatro, tem sido interessante.
Construir o Plano de Ação foi uma etapa muito importante no Projeto de Aprendizagem, pois obtive uma ideia globalizada dos objetivos, tempos, procedimentos didáticos e metodologias utilizadas no projeto. E, ainda pude traçar novos objetivos e atividades para dar continuidade a essa bonita caminhada.
Segue meu Plano de Ação do Projeto de Aprendizagem: Sai da Toca Amigo!

  
METAS
OBJETIVOS
PERÍODO DE REALIZAÇÃO
BREVE DESCRIÇÃO SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA META
ATIVIDADES REALIZADAS
Meta 1 - Questões de Pesquisa
Levantar os temas de interesse e as questões de pesquisa dos/as alunos/as, a fim de desenvolver um Projeto de Aprendizagem nas turmas (ou em espaços não escolares).
10/04 a 20/04
A partir da minha observação, olhar e escuta apurados em relação as minhas crianças da faixa etária dois, nos momentos de brincadeira no pátio da escola, observei que os pequenos traziam continuamente o interesse pelas miudezas do espaço natural: sementes, folhas, pedras diferentes, minhocas, gravetos...
Brincadeira livre no pátio, propiciando que as crianças criassem seus próprios repertórios infantis, de acordo com seus interesses.
Meta 2 - Dúvidas e Certezas
Elaborar um Inventário de Conhecimentos, contendo dúvidas a serem esclarecidas e certezas a serem validadas, mediante atividades de pesquisa e aprofundamento
24/04 a 01/05
No momento da roda de conversas questionei o que havia no pátio da escola. As crianças elencaram uma série de elementos, tais como: folhas, pedras, minhocas, formiga, dentre outros. (Conhecimentos prévios)
Para a composição das dúvidas temporárias, intervi, ajudando-as a elaborar, através de questionamentos a respeito de seus conhecimentos prévios, de modo que os deixassem curiosos.
- Apresentação da “Menina”, boneca de pano a qual confeccionei”, que está sendo a grande interlocutora do Projeto. A mesma, toda semana traz alguma novidade propõe novos desafios.
- Contação da história: Sai da Toca Amigo, de Anna Gobel, Ed. LÊ. (A mesma foi contada ao ar livre no pátio da escola)
- Recolher folhas e outras miudezas que encontrarem pelo quintal.
Meta 3 – Mapa Conceitual
Construir, com os/as alunos/as um Mapa Conceitual sobre um dos temas trabalhados no PA, ensinando-as a sintetizar e relacionar aprendizagens.

04/05 a 15/05
Retomada na roda de conversa sobre os conhecimentos prévios das crianças, lançando, novamente, o questionamento: O que tem no pátio da escola?
As crianças foram convidadas a explorarem o pátio da escola a partir do nosso foco investigativo.
- Investigar no pátio as miudezas do quintal, conforme haviam citado, tais como: folhas, a minhoca, as pedrinhas, ...
Registro fotográfico, feito pela professora, desse momento investigativo
- Recolher alguns elementos naturais para nosso cesto dos tesouros (sementes, folhas, pedrinhas diferenciadas).
- Retomada de tudo que encontramos pelo pátio e organização nos cestos dos tesouros.
- Apresentação das fotos em forma de mapa conceitual.
-Exposição do mapa conceitual na sala de aula.
Meta 4 – Plano de Ação
Elaborar o Plano de Ação retomando todas as etapas/metas já desenvolvidas e as atividades por desenvolver, a fim de integralizar o planejamento e a execução do PA em um único documento.
22/05 a 15/05
A realização do projeto: Sai da toca amigo, tem sido rica e prazerosa para as crianças. O objetivo desse projeto, além de sanar as curiosidades e dúvidas e curiosidades das crianças em relação as “miudezas do pátio da escola” é de provocar um “desemparedamento” dos pequeninos, para além das paredes da sala de referência. Percebo que é urgente provocarmos um encontro das crianças com o meio ambiente, com a natureza, e modo que elas se encantem com aquilo que há de mais belo- as belezas naturais.
As crianças necessitam criar seus repertórios e brincadeiras, com as riquezas da natureza- pedras, terra, folhas, cascas, sementes- para além dos brinquedos plásticos, prontos e industrializados. Portanto, esse projeto tem como eixo norteador as interações e brincadeiras, tal como propõe as Diretrizes Curriculares da Educação Infantil de 2009.
 A cada semana a menina- a boneca de pano e interlocutora do projeto- traz novas possibilidades e surpresas que motiva as crianças, deixando-as curiosas.
É visível o crescimento e envolvimentos dos “pequeninos”, que se encantam com as novas descobertas, afinal para eles o mundo é um grande laboratório.
Das diferentes experiências educativas que realizamos e das muitas outras que ainda realizaremos, trago a curiosidade como o elemento marcante em minhas crianças.
Muito provavelmente, esse projeto se estenderá durante o segundo semestre, pois o interesse permanece e novas dúvidas vão surgindo ao longo do caminho. Esse é combustível que nos move com paixão e encantamento.
- A menina –boneca de pano- apresentou no pátio uma surpresa. Sobre um pano estendido no chão serão apresentados os cestos dos tesouros, com miudezas que as crianças encontram no pátio e outras que acrescentei, para enriquecer a atividade. Também serão disponibilizadas lupas para as crianças investigarem os elementos como desejarem.
A partir disso as crianças manipularam esses elementos e criarão seus próprios repertórios.
- Contação da história: O minhoco apaixonado, de Alessandra Pontes Roscoe e Luciana Fernandez.
- No pátio investigamos onde ficava a casinha da minhoca.
- Foram disponibilizadas panelas (de verdade), para que as crianças brincarem com os materiais que encontrarem pelo pátio (pedrinhas, sementes, areia e outros).
- As crianças foram levadas ao pátio da frente da escola. Lá, a menina – boneca de pano-  apresentou uma nova possibilidade de brincadeira. Em suporte de madeira cheio de areia (semelhante a um caixote), porém da altura das crianças, foi disponibilizado. Sobre ele haviam pequenos animais de madeira, além de outros bichinhos, pequenas folhagens, dentre outros. Disponibilizei também outros materiais naturais, tais como pequenas conchas, sementes, para que as crianças criassem seus repertórios infantis.
- A menina deixou uma nova surpresa! O que será? A história da “Formiga amiga” de Bartolomeu Campos de Queirós, Ilustrações Elisabeth Teixeira, Editora Moderna.
O livro conta a história da formiguinha Dulce que era apaixonada por doces e morava lá na cozinha do menino.
-Procuramos no pátio as amigas da Dulce. Onde moram as formiguinhas? Será que tem muitas formigas no nosso pátio?
Na sala foi montada a cozinha da Dulce com panelas de verdade e utensílios variados. Foram disponibilizados elementos naturais para complementar a brincadeira.
Culminância:
-  A culminância do Projeto será a construção de um espaço natural na escola (com elementos da natureza) e outro com redes de descanso para que os pequenos possam repousar no pátio da escola.




Meta 5 - Relatório
Desenvolver, com base no Plano de Ação, análises e reflexões sobre cada etapa desenvolvida no PA, usando o Referencial Teórico indicado na interdisciplina
Será solicitado na 14ª e 15ª semanas.



A elaboração do mapa conceitual


Conforme venho explanando ao longo das postagens, o trabalho com a educação infantil tem especificidades próprias. Do mesmo modo, o fazer educativo se difere de outros níveis de ensino, como no fundamental, por exemplo.
Na interdisciplina Projeto Pedagógico em Ação, na qual desenvolvendo projetos de aprendizagem nas escolas onde atuamos, a meta três foi a construção de um mapa conceitual que contemplasse os conhecimentos prévios dos alunos acerca do tema a ser investigado.
Com as crianças da faixa etária dois, estou desenvolvendo o Projeto de Aprendizagem: Sai da toca amigo!, conforme expus na postagem anterior. A seguir comentarei como elaborei o mapa conceitual com crianças tão pequenas.
Na roda de conversa, dialogamos sobre o que tinha no pátio da escola. As respostas foram diversificadas, tais como: formigas, minhocas, areia, folhas grandes pequenas, dentre outros. Seguimos conversando sobre os conhecimentos prévios das crianças.
Em seguida, propus que fossemos ao pátio investigar se realmente tinha tudo isso no pátio da escola. O resultado foi muito interessante, pois de fato, mais uma vez as crianças se mostraram excelentes observadoras, encontrando todos os itens elencados durante nossa conversa anterior.
A partir desse momento, registrei através de fotos esse rico momento investigativo, construindo o mapa conceitual dessa maneira. Acredito, que essa forma de abordagem foi muito significativa, pois através da ação as crianças puderam verificar suas certezas provisórias e posteriormente, em outro momento, visualizar através de fotos o mapa.
Segue o mapa conceitual:





domingo, 4 de junho de 2017

Os Projetos de Aprendizagem na Educação infantil


Os Projetos de Aprendizagem na educação infantil, mais especificamente com bebês e crianças bem pequenas, faixa etária a qual trabalho tem uma série de especificidades bastantes particulares. Nesse sentido, o olhar e escuta do professor nos diferentes momentos do cotidiano são fundamentais para que de fato as curiosidades, duvidas e certezas das crianças sejam priorizadas e valorizadas.
São nos momentos de brincadeira, rodas de conversa ou nas atividades mais corriqueiras como os momentos da alimentação, higiene, dentre tantos outros que se manifestam os interesses dos “pequenos”. O docente, todavia, necessita estar de “antenas” ligadas para entrar em sintonia com os interesses, assuntos e curiosidades das crianças, pois será justamente nesses momentos de espontaneidade que surgirão os mais ricos projetos de aprendizagem. Conforme Vasconcelos in Barbosa e Horn (2008, p. 9):

Tratando-se em uma metodologia centrada em problemas, o trabalho de projeto coloca-se na “zona de desenvolvimento proximal” (Vygotsky) da criança, convidando-a a trabalhar acima e adiante das suas possibilidades, tornando-se um eficaz andaime para seu desenvolvimento. Toma como ponto de partida uma criança que ativa, cheia de capacidades, criadora de sentido da sua existência, capaz de postura de cidadania[...] Cria, com as crianças, aquilo a que Vygotsky chama “comunidades de investigação” e, em uma perspectiva bem à maneira de Paulo Freire, torna o aluno sujeito de seu próprio desenvolvimento, capaz de dizer “Eu” e de ser agente ativo na transformação da sociedade, aprendendo com e através dos outros, em uma perspectiva interdependente e solidária.

A partir desses esclarecimentos e das questões de investigação levantada pelas crianças apresentarei um inventário de conhecimentos que será divido em dúvidas temporárias e certezas provisórias. Ressalto que o nome do nosso projeto é: “ Sai da toca amigo!”
Um projeto que surgiu a partir da minha observação, olhar e escuta apurados em relação as minhas crianças da faixa etária dois, nos momentos de brincadeira no pátio da escola, onde os pequenos traziam continuamente o interesse pelas miudezas do espaço natural: sementes, folhas, pedras diferentes, minhocas, gravetos...
O objetivo desse projeto, além de sanar as curiosidades e dúvidas e curiosidades das crianças em relação as “miudezas do pátio da escola” é de provocar um “desemparedamento” dos pequeninos, para além das paredes da sala de referência. Percebo que é urgente provocarmos um encontro das crianças com o meio ambiente, com a natureza, e modo que elas se encantem com aquilo que há de mais belo- as belezas naturais.
As crianças necessitam criar seus repertórios e brincadeiras, com as riquezas da natureza- pedras, terra, folhas, cascas, sementes- para além dos brinquedos plásticos, prontos e industrializados. Portanto, esse projeto tem como eixo norteador as interações e brincadeiras, tal como propõe as Diretrizes Curriculares da Educação Infantil de 2009.

Dúvidas temporárias
Certezas provisórias



- Será que todas as “pedrinhas” do pátio são iguais, ou tem diferenças (de cor, tamanho, etc)?
- As folhas que encontramos pelo chão do “nosso pátio” são todas iguais (tamanho, cor, são secas ou não)?
-A minhoca não sente frio lá embaixo da terra?
- Como podemos brincar com esses gravetos? O que podemos inventar?
- Como se chama a casinha das formigas?
- Por que “o sapo se esconde de nós e aparece só de vez em quando”?
- Além de brincar de comidinha com a terra e areia do pátio, o que mais podemos criar com ela? Para que ela serve?
-Por que não podemos comer as sementes do pátio? Será que tem sementes que podemos comer?
- As flores do “nosso pátio” são todas iguais? O que tem de diferente? São perfumadas?
No pátio da escola tem:

-Pedrinhas
-Folhas das árvores “grandonas e pequenas”
-Minhoca que se esconde embaixo da terra
-Pauzinho, referindo-se aos gravetos
-Formigas que “moram em suas casinhas”
-Tem o sapo que mora lá no poço do pátio
-Sementes, que “não podemos comer, só de continha”- referindo-se ao faz de conta
-Areia para “ a gente brincar”
-Terra marrom
-Plantinhas
-Flores





Referências:

BARBOSA, Maria Carmem Silveira; HORN, Maria da Graça Souza. Projetos Pedagógicos na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2008.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil / Secretaria de Educação Básica. – Brasília : MEC, SEB, 2010 -Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009.


sábado, 3 de junho de 2017

Ansiedade- o mal do século

A ansiedade pode ser considerada o mal do século segundo o psiquiatra, psicoterapeuta, cientista e escritor, Augusto Cury, em seu livro intitulado: Ansiedade- como enfrentar o mal do século, traz um conceito da Síndrome do Pensamento Acelerado. Conceito esse muito interessante e pertinente na nossa sociedade pós-moderna. E, ainda retrata a razão pela qual a humanidade está adoecendo coletivamente- de crianças a adultos.
Estamos inseridos em uma coletividade marcada pela liquidez[1] das relações, pelo imediatismo, pelo desejo desenfreado. Zygmund Bauman (2001), trouxe o conceito de “Modernidade Líquida”. Vivemos em um tempo onde nada é sólido, permeado por mudanças constantes -  culturais, comportamentais. Somos marcados pela a incerteza e ambivalência.
Vivemos e consumimos num ritmo enlouquecedor - estamos demasiadamente acelerados. Não há pausa para a reflexão. Em decorrência disso e de tantos outros fatores marcantes de uma era pós-moderna, em grande escala a humanidade vem desenvolvendo a ansiedade. Cury (2014, p. 99) afirma que: “A humanidade tomou o caminho errado, estamos nos estressando rápida, intensa e globalmente na era dos computadores e da internet. Estamos levando a psique a um estado de falência coletiva e não percebemos mal do século. ”
Em meio a tudo isso estão implicadas nossos bebês e crianças bem pequenas- faixa etária a qual trabalho. Crianças essas que, muitas vezes, são superestimuladas, pouco ouvidas em suas necessidades e desejos, sendo consumidas desde a mais tenra idade pela lógica capitalista.
Precisamos dar tempo de nossas crianças serem simplesmente crianças. Sem agendas, com um milhão de atividades. De modo, que elas possam viver essa fase da vida, que é única e fantástica em sua plenitude. Que possam brincar, corre e descobrir o mundo de acordo com seu tempo e especificidades.



Referências

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Trad. Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001
CURY, Augusto. Ansiedade: como enfrentar o mal do século: A Síndrome do pensamento Acelerado: como e por que a humanidade adoeceu coletivamente, das crianças aos adultos. São Paulo: Saraiva, 2014.





[1] Termo criado pelo sociólogo Zygmund Bauman.