sexta-feira, 27 de maio de 2016

Ver e olhar: duas interfaces da mesma moeda

O trabalho com bebês e crianças muito pequenas, exige uma série de capacidades do educador. Essas capacidades e/ou habilidades são desenvolvidas ao longo do percurso através das trocas sucessivas do docente com entorno que o rodeia. Nesse sentido a formação continuada e permanente auxilia nesse processo, permitindo um exercício de autoanálise e reflexão.
Dentre essas habilidades trago a capacidade de escutar e olhar. Muito mais do que ver, é preciso desenvolver um olhar atento e apurado para nossas crianças, de modo que consigamos compreendê-las a partir de uma perspectiva aprofundada e empática. Assim, construímos uma percepção singular.
O ver é tão importante quanto o olhar, mas é uma forma de percepção mais despreocupada. Vejo muitas coisas no meu dia a dia. No entanto, guardo comigo aquelas que me foram mais significativas ou marcantes, ou seja, os acontecimentos, fatos, histórias para as quais atribui um olhar diferenciado.
O olhar é muito mais cuidadoso, profundo, carregado de significantes que acaba os significando. O olhar envolve subjetividades, percepções sensíveis, aquilo que há de mais bonito do ser humano.
Não sei o porquê, mas tenho mania de carregar no meu bolso uma série de “olhares”, os quais utilizo sempre que necessário para meus diferentes alunos, para as diferentes infâncias com quais tenho prazer de dividir meus dias, numa relação dialógica enriquecedora.
Costumo dizer que a docência nos leva a ver para além do que está dado. E, assim com o passar dos anos fui me tornando uma boa “olhadora”, pois somente o ver não me bastava.

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