Ver e
olhar: duas interfaces da mesma moeda
O
trabalho com bebês e crianças muito pequenas, exige uma série de capacidades do
educador. Essas capacidades e/ou habilidades são desenvolvidas ao longo do
percurso através das trocas sucessivas do docente com entorno que o rodeia.
Nesse sentido a formação continuada e permanente auxilia nesse processo,
permitindo um exercício de autoanálise e reflexão.
Dentre
essas habilidades trago a capacidade de escutar e olhar. Muito mais do que ver,
é preciso desenvolver um olhar atento e apurado para nossas crianças, de modo
que consigamos compreendê-las a partir de uma perspectiva aprofundada e
empática. Assim, construímos uma percepção singular.
O
ver é tão importante quanto o olhar, mas é uma forma de percepção mais
despreocupada. Vejo muitas coisas no meu dia a dia. No entanto, guardo comigo
aquelas que me foram mais significativas ou marcantes, ou seja, os
acontecimentos, fatos, histórias para as quais atribui um olhar diferenciado.
O
olhar é muito mais cuidadoso, profundo, carregado de significantes que acaba os
significando. O olhar envolve subjetividades, percepções sensíveis, aquilo que
há de mais bonito do ser humano.
Não
sei o porquê, mas tenho mania de carregar no meu bolso uma série de “olhares”,
os quais utilizo sempre que necessário para meus diferentes alunos, para as
diferentes infâncias com quais tenho prazer de dividir meus dias, numa relação dialógica
enriquecedora.
Costumo
dizer que a docência nos leva a ver para além do que está dado. E, assim com o
passar dos anos fui me tornando uma boa “olhadora”, pois somente o ver não me
bastava.